Aquele gigante...
Ele me aparece às vezes....
Eu sei que não vai adiantar correr...
E nem tentar me esconder...
A tua sombra chega a mim muito antes do mesmo...
E me crava com suas unhas duras e negras.
Não estou tomada de medo.
Mas sim, de uma consciência e esta, nunca fora boazinha para comigo.
Tal qualidade me lança frente a esse ser cruel.
Aceita todas as tuas desaventuras.
Seu vazio, sua glória não alcançada, a aceitação de uma fragilidade e imaginário de um outro , o que impede a real experiência da vida.
Faz-me engolir a seco as palavras minhas que não foram ditas.
Sabe, aquele silêncio....
Lembra, aquele silêncio?
Se fez sábio quando entendeu de que a minha palavra era o melhor , o meu auge, algo que me poderia ser útil mais tarde....
É um saber a salvo, desse gigante/dor que chega agora...
Capinando tudo, arrancando as raízes e lançando-me ao alto .
Deixando-me cair as pedras em tombos de grandes alturas.
Permaneço-me firme com minhas palavras guardadas aqui dentro de mim.
Sim, porque elas continuam guardadas...
Mas esse gigante...
Está imenso a minha frente.
Faz um barulho estrondoso.
Traz consigo uma dor pontiaguda tornando-me solitária.
Não sei por quanto tempo ele irá permanecer.
Arremeçando-me de um lado a outro como se pudesse me fazer dizer...
Tirar a minha força....
E confesso...
Os meus membros, minha pele, o meu peito, as minhas idéias andam um tanto exaustas.
Meus ossos, o gigante quebra...
A minha carne, ele rasga.
E meu estômago anda dolorido pelos teus golpes.
Mas aquelas palavras não ditas, sabe?
Elas permanecem intactas.
É a força das mesmas , que me fazem prontificar agora para esse gigante que chega.
Abro meus braços ao mesmo e digo-o:
_ Faça o que tem que fazer!
É a força daquelas minhas palavras não ditas, que irão me recuperar dessa afronta toda.
E é a força das mesmas que me dá a certeza do que eu causo agora....
Sabe o que sentes nesse exato momento que lê essas linhas?
Mesmo que eu não veja ou ouça a ti..
É a força daquelas minhas palavras que eu não disse, que me dão a certeza do que sentes agora...
Veja só que ouro...
Essa sensação cravada aí...
Escancara minha legitimidade.
E consequentemente legitima o nosso.
De que, o que vem ao caso é a experiência real e alegre.
Coisas que gigante algum pode arrancar.
Minhas palavras não ditas cuidam do que não se pode arrancar.
Disso aí... que lhe causo agora.
E a mim também...
Aqueles segundos daquela ligação em que nada fora dito, transformam aquela dureza do momento nisso aí que sentes.
Essas são experiências que uma leide ainda pode causar... sem abrir mão de nada...
Míriam Machado
17 de Junho de 2011