sábado, 31 de julho de 2010

Mais do que acordar com nuvens a minha porta.

Eu realmente gostaria de lembrar-me em qual cultura é possível tamanho saber.. Mas eu não me lembro...
Mas graças!
Graças eu consigo lembrar-me da peróla. É sabido que nessa estrutura de pensamento há uma pergunta a ser feita diante da notícia corrida... Corrida e ruim. De que quando alguém “partira”, uma única questão é feita ao informante: _ “Ele” conseguiu viver todos os seus desejos em vida? Conseguiu viver intensamente? Lutou dia a dia para que conseguisse fazer valer a experiência no qual permitiria ao mesmo, a exata dimensão do que é estar vivo?
Essa é uma pergunta que eu me lembro sempre...
Sempre no meu percurso...
O que vem ao caso não é o ideal... –sorrisos_
O que vem ao caso é o caso. A experiência real. O diário. A permanência. Todos os dias.
Mesmo frente aos trancos... O que vem ao caso, é permanecer-se em ato.
Não é para amanhã.
Não vem ao caso o ontem.
É agora. Sabe agora? Como agora que você está aqui...
Sim... Eu me refiro a essa experiência/consciência de onde é que está, aquela verdade no qual a gente se identifica. Como aquele “lugar” que a gente precisa ir... A gente precisa ir para buscar mais evidências, mais força, mais prazer, mais vida.
Eu percebo a importância das marcações. Viradas de ano, datas festivas, festas comemorativas... Tudo marcando, evidenciando, indicando, sinalizando, cortando, finalizando, abrindo, iluminando...
Há momentos em que tais referências não conseguem nos oferecer uma nova visão. Pode-se estar fechado ou cansado demais para perceber...
Mas ainda assim, a marcação faz seus cortes.
E a lembrança disso...
Me fez permitir-me essa agora.... E aproveitar tudo que possa me oferecer.
Aniversários.
Cada um, cada um tem a sua maneira de lidar com esses... Alguns intensos demais, outros anônimos demais... Mas veja bem... Nunca é de menos... !
Não deve ser à tôa que não me lembro de todas essas viradas...
Mas me lembro imensamente de algumas... Algumas poucas... Muito poucas!
Talvez fora no aniversário que eu fizera 05 anos....
Meu pai fizera tanta questão, mostrava-me ele com todo o seu trabalho. Subia e descia morro abaixo transportando pessoas, pessoas naquela cidade pequena, onde o mesmo depositava o seu desejo, a crença e experiência de fazer-se vivo.
Então eu posso crer de que alguma maneira, essa primeira marcação lembrada por mim só pode ser algo caro. Muito caro! Movia minha origem, movia pessoas que não me conheciam, movia uma experiência das poucas que tenho no que se trata dessa data festiva.
E quando eu fizera seis anos...
Foram dez bolos... Dez bolos.. Não foram nove.. Não foram onze... Poderia ter sido um? Sim, mas foram dez bolos! Minha mãe trabalhou nesse dia... ( sorrisos) E eu... Comi muitas raspas de bolo nesse dia....Meu pai convidara um cantor (sorrisos – não vem ao caso agora dizer quem, mas tinha exatamente tudo a ver com aquele lugar de sonhos, onde eu passara muitas férias de minha vida) que fizera uma música pra mim : “ A menina fez seis anos...”- sorrisos – Se eu sorrio, todo mundo pode! Mas se eu não posso, todo mundo pode me mostrar alguma maneira de fazer isso... – mais sorrisos -
E interessante, porque esse meu aniversário era comemorado por todos.. Não era algo apenas de minha experiência. Era algo que movia os investimentos, as posturas de cada um.
Então talvez eu possa concluir, de que uma data, seja ela qual for, lembra às pessoas as experiências da vida... Ela pode sim evidenciar a importância, os valores e os desejos dos nossos próximos, junto aos nossos...
Me lembro também de um aniversário em que comemorei com todas as minhas amigas. Todas, todas mesmo! Eram umas 14, 15 meninas, todas com a mesma faixa de idade... Ouvíamos Legião Urbana, Capital, Titãs, Paralamas.... Tomávamos fanta e comíamos bolo... E o meu primeiro amor platônico chegou. – sorrisos – Ele foi um bendito...
Tamanha a minha inocência de todo esse tempo, me traz sorrisos hoje... Talvez por isso, eu sempre diga as minhas amigas: “Parem de falar mal deles!”... Agora constato porquê! Eles são uns benditos! – sorrisos -
E a partir dessa terceira experiência, eu ainda possa constatar de que a comemoração sempre vai nos lembrar, nos momentos mais duros ou nos mais belos, de que cada experiência passada trouxe sim para você, um presente. E a gente vai sempre poder contar com estes, quando nada existir para se comemorar...Porque o presente não é aquele quadrado, mas aquele que você vai acessar como pilar.
Eu tive dois aniversários que me marcaram nesse sentido e com uma mesma sensação... A falta:
Lembro-me bem de um aniversário em que eu estava fazendo 11 anos... Nesse exato dia, tive que me despedir do meu pai nas mesmas terras de sonhos e voltar pra casa... Eu vi as lágrimas nos olhos dele de dentro do ônibus.. Ele nada me dissera sobre sua dor.. Não deixou seus olhos molharem enquanto eu estava a sua frente.. E eu fingi não ver... Mas o perfeito ainda existe na falta... O fato de ele não ter dito, não anulou a minha percepção de menina... Eu sabia da importância de que aquela história tinha pra ele... Sabia do seu amor apenas com todo o seu movimento diário em torno de mim... E então eu não fiquei triste... Eu sabia do melhor que vinha “DALI” e eu sentia o mesmo...
Um outro momento faltoso, fora um em que minha mãe não pudera estar comigo... Ela tinha que resolver algumas questões nessas mesmas terras exatamente no dia 02... Questões, interesses de família... Terras não imensamente distantes... Não imensamente próximas.. Mas era no norte..
Talvez eu possa pensar que era um norte pra mim, toda essa terra de sonhos, onde durante toda minha infância, a neblina na manhã era tão intensa a minha porta, que eu acreditei durante anos e anos, de que eram nuvens... Nuvens a minha porta, quando eu acordara..... Nuvens a minha porta...
Muito branco... Tão branco que eu mal podia enxergar um palmo a minha frente... E era muito mágico brincar de esconder entre nuvens...
Essa experiência toda acontecia lá no alto daquelas montanhas, onde desejos se faziam vivos, e era uma terra pra mim, de sonhos...
Passadas essas experiências... Nenhuma me marcara a não ser a última... Todas que aconteceram nesse vão se misturam como acontecimentos... Não como marcações de uma experiência de vida... Pessoas vinham e iam... Bebidas, presentes embalados em laços, abraços, fotos... Mas a vida, veja que ironia... Se diz até quando mesmo que perdidos, podemos nos perceber não como em ato, mas como em estado frágil, na falta da vivência...
Eu um aniversário recente, no qual eu gostaria anteriormente de ter-me ausentado... Talvez teria sido, se eu tivesse levado esse não desejo, mas esse quase ato, uma experiência-metáfora de como eu me sentia.
Um momento que eu não conseguia... Não “con”, “seguia”... Talvez fora isso... Um momento delicado, que certamente eu mal poderia compartilhar... Não era “com”, era “sem”...Frágil.... Muito frágil.. Fora o único aniversário, que eu realmente acreditava precisar como que atuando, uma ausência, fazer-me inexistente. Como se não bastara programar velas e doces, eu degustava a breja como que, para aliviar. Será este um aniversário que eu ainda possa marcar.... A gente pode continuar... A gente pode conseguir... A gente pode. E foram mesmo, os meus amigos que me mostraram isso... Foram eles e ainda é que me mostram que eu tenho “com (quem) seguir”... Mesmo que estejam no Rio.. Mesmo que estejam em São Paulo... Podem estar no Rio Grande do Sul... Mesmo que estejam na Espanha... Mesmo que estejam nos EUA... Mesmo que estejam no meu bairro e tão frágeis que talvez por isso mesmo não estejam fisicamente... Talvez ainda estejam dançando zouk... Mas são eles... Que a cada hora que eu grito... Eu tenho colo. Eu posso ter um colo, eu posso ter vários colos!
Agora. Permitindo-me mais do que nunca estar bem dentro, como nunca estive... Eu sempre me posicionei frente a diversas experiências de maneira a separar o tanto daqui com o tanto dali.. Esse novo “vinho” será degustado bem no centro de pessoas nos quais de alguma maneira, eu me identificara a anos... Seja pelo ar tranquilo.. Seja pelos sorrisos compartilhados.. Seja pela segurança que me oferecera.. Seja pelo carinho que me acolhera...
Hoje eu não tenho mais acessos aquelas terras que me traziam nuvens quando eu acordara... Terra de doces e bolos... Terra de tratores, estrelas sem fim e até carrapatos... Hoje eu não tenho acesso da mesma maneira daqueles investimentos-origem, não mais sou rodeada de mulheres, nem tampouco tenho bandinhas que me indicam caminhos, por onde eu queira ir... Não existem mais amores platônicos e também não existe mais a inocência... E a experiência daquela falta... É... Eu aprendi que posso transformar a falta....Posso a partir da mesma, ter a exata percepção do que eu preciso para ser feliz. Só a falta pode me dizer sobre isso... E a experiência de em ato, mostrar o quanto me sinto ausente da festa... Esta também não está se fazendo agora...
É justo contar o que há agora... Creio eu.
Agora há uma vida após a porta. O real, não nuvens, mas que podem ser tão belas como.
Agora, eu posso escolher as terras, porto seguro por ponde irei pisar... Não são montanhas.. Mas talvez tenha novos costumes no qual eu terei que me acostumar...
Agora, tenho outras formas de pensamentos que não tão complexos, como os das mulheres... Posso ter aos homens como amigos.. E estes continuam leves... Cada um no seu cada um...
Quanto as mulheres... Elas continuam aí... Denunciando e compartilhando... Ferozmente... – sorrisos – Ferozmente!
Hoje, eu posso, eu mesma escrever letras que digam por onde eu queira ir, as bandas não precisam mais dizer por mim.
Hoje eu não tiro fotos... Eu fotografo.
Meus amores são reais. Os vivo confesso, um tanto cheia de cuidados... Mas continuam únicos. E belos. Mesmo que possam se tornar distantes... Como fora o platônico. Mas certamente mais intensos, mais verdadeiros e nada inocentes! – sorrisos – E isso é também louvável.
Quanto a falta... Minha aliada. Ela me fofoca todos os dias, como também meu inconsciente, sobre quem eu sou e sobre o que preciso. Ela me dói, mas é ela que me leva a glória... A glória de cada desejo alcançado.
O que fica agora é a questão... A questão feita ao informante sobre aquele que “partiu”: Lutou dia a dia para que conseguisse fazer valer a experiência no qual permitiria ao mesmo, a exata dimensão do que é estar vivo? Conseguiu tal sujeito fazer valer seu desejo, sua vida?
É possível agora eu pensando em vida, trazer a questão se é justo comemorar mais esse ano que completo e que após a marcação, novamente inicio?
-sorrisos-
Nossa... É justo! Fiz todos os dias o que acreditei ser certo.. E em todos os momentos em que não consegui/com-segui, pedi socorro dignamente. Irei continuar assim... Todos os dias!
Que como fora descrito lá em cima... O presente que eu ganhara em cada um dos aniversários, fora a constatação do que eu realmente precisaria para viver. A cada ano completo, eu ganhei mais vida. Presentes que me indicam agora o que deve ser marcado:
A vida continua. A comemoração pode e deve ser vista paralelamente como uma indicação de investimento. “In-vesti-ment”. Os teus próximos irão lhe presentear com algo, que foge a consciência até dos mesmos.. Irá indicar o que irás precisar daqui pra frente.
E se quando eu abrir a porta, não tiver “nuvens” ali...
Eu poderei me lembrar sem a inocência, mas com todo o real de que ainda há o céu.
E isso dá a dimensão de que eu posso tudo que eu desejar.
Bom... Então já que estou podendo....!
(sorrisos)



Míriam Machado

31-07-2010

sexta-feira, 30 de julho de 2010

Presente da Cris...

Saussure...
Autora: Cris di Castro


A Semiótica dos Sentidos
Nos Sentidos das Linguagens
Dos Versos e dos Reversos
Do significante: Géminis...
Do significado: Cáncer...
Dos lexemas
Dos morfemas
Dos discursos
Dos silêncios
Das proposições
Dos Yin – passivos -
Escuros e frios
Femininos
Dos Yang – activos -
Luminosos e quentes
Masculinos
Das dificuldades de ser inteiro
Das arbitrariedades dos desejos
Nas ausências dos tidos
Dos sentimentos não sentidos
Ocorridos na Instância das Letras
E em tudo mais que se possa calar...
Esse "rabisco" é uma Resposta e homenagem aos: Sen ti, senti do dos sen tidos. Senti indo, da autora: Mírian Machado...

Flor, especial é você.
 
Obs:Criiiiiiiiiiiiiissssssssss, obrigada! Adorei!  São os presentes... "Presentes!"

quinta-feira, 22 de julho de 2010

Quente...Muito quente....
Levanto-me, abro a janela.... Tiro as meias.
Quente... Ainda quente...
De pé. Até a cozinha... E água....
Mais água.
Volto para cama.
Tudo permanece quente.
Ligo a televisão, não me interesso por qualquer coisa.
Acesso a net,nada me preenche.
Tento dormir.
Esfria......
Extremidades geladas.
Como será possível compreender tal mudança?
Ausência de um motivo consciente.
Coloco as meias.
Viro para um lado, para o outro.....
Eram 00:00hs quando acordara...
Agora, 04:00hs.
Outra mudança...
Nem quente, nem frio, nem nada....
Posso dormir novamente.
Posso dormir com uma "nova mente".
Talvez fosse o que faltava.
Nem o calor...
Nem uma frieza...
O real me deixa descansar novamente.
Agora, se torna possível algumas dicas do que me acordara...
Porque os extremos...
Os extremos não me deixavam em paz.
Nada de uma ponta a outra agora.
Voltei pra mim.



Míriam Machado

terça-feira, 6 de julho de 2010

Marcando..

"...Se tudo pode acontecer... se pode acontecer qualquer coisa,
Um deserto florescer, uma nuvem cheia não chover...
Pode alguém aparecer e acontecer de ser você...
Um cometa vir ao chão, um relâmpago na escuridão.

E agente caminhando de mãos dadas de qualquer maneira...
Eu quero que esse momento dure a vida inteira...
E além da vida ainda de manhã no outro dia,
Se for eu e você, se assim acontecer."


Se Tudo Pode Acontecer
Arnaldo Antunes