sexta-feira, 27 de fevereiro de 2009

Percurso inverso.

Eu também pensei assim durante muito tempo.
Discursei como toda a maioria que após os anos passados, tornei-me seletiva.
E hoje me dou conta.
Essa seleção anda lado a lado com um novo pre.
Preconceito.
E daí, após uma atenção sem fim, enxerguei pessoas não vivenciando suas relações.
Eliminavam a todos que chegavam porque não "cabiam na forma".
Sem investimento ou valor... As vezes, depreciando.
E entao pude entender a necessidade do inverso.
Me ative a atenção que nós, sujeitos seletivos, não estamos por cima da carne seca, não somos os melhores. E como falam por aí, não somos "a última coca-cola do deserto".
Conclui. Nada justifica nos posicionarmos como se estivéssemos em um pedestal no montante de uma seleção:
_Este serve.
_Este não.
_Aquele ali? Vamos reavaliar.
Tive a oportunidade de observar raros sujeitos que em uma postura ímpar, sólida livre de julgamentos ou rótulos recebiam os que chegavam sem esperar nada deles. Porque essa idéia de esperar, ansiar, acreditar na "alma gemea" é acima de tudo, uma grande "bandeja", veja bem!
Se na posição de sujeitos seletivos, os mesmos ficam esperando algo dos outros...Esperando mais que tudo, que o outro dê!
Desde então alcanço e talvez, você que lê este, também o possa.
Que sujeito é esse, que tão senhor de si, de suas qualidades ímpares, de seu valor, independente, ainda espera? Ansioso e carente que alguém apareça de repente, com tudo aquilo que ele crê ser o melhor para ele?
Sem qualquer implicação, como se não dependesse dele igualmente, a possibilidade de prover o adequado.
Não sei se posso apenas nomear de inocência, a perspectiva do que recebe o nome de "seleção".
A perspectiva que garantiria o prêmio: a relação certeira.
Constato a natureza humana. Transitória, efêmera, temporal, fugaz, ligeira.
E alicerço a questão.
Como se pode afiançar de que o "eu" próprio ou do outro, estará sempre lá nessa exatidão presente?
Relate-me agora.
De onde foi que saiu essa certeza?
Colocaria você, suas mãos ao fogo por aquele que você destacou como o escolhido?
Prevê você que antecipando-se de favoritismos por um ou outro, terás a garantia da satisfação idealizada, levando em consideração as sucessões de um futuro próximo?-Sorrisos-É claro que não.
Ajusto o real. Tudo parte do agora com o que se tem.
A possibilidade de receber o diverso de braços abertos é grandiosa e surpresa.
Variavelmente desencadeiam-se perplexidades, hesitações, sobressaltos, comoções......
Mas sobretudo torna possíveis as relacões, sem pretensões ou crenças de que sejam para sempre, mas que no mínimo, sejam reais e respeitosas.
Um êxtase na identificação e uma oportunidade de aprendizagem no original.
Não estou a dizer que esse original seja suave. Ele pode ser bem cruel.... Mas sem ele, cruel e solitário.
Tudo que distinguo nesse tempo é que as pessoas se sentem ameaçadas demais quando vão de encontro com o desconhecido, com o incógnito, com a dessemelhança. Consequência: vedado, interdito.
E já não sei se posso dizer se o medo fora antecipado ou avizinha-se agora .
Como se tais sinônimos despertados pelo outro que chega, obrigassem aos sujeitos a abrir mão dos seus próprios.

26-02-2009 .
Miriam Machado

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