sexta-feira, 17 de junho de 2011

Essa sensação aí.....que lhe causo agora.





Aquele gigante...
Ele me aparece às vezes....
Eu sei que não vai adiantar correr...
E nem tentar me esconder...
A tua sombra chega a mim muito antes do mesmo...
E me crava com suas unhas duras e negras.
Não estou  tomada de medo.
Mas sim,  de uma consciência e esta, nunca fora boazinha para comigo.
Tal qualidade me lança frente a esse ser cruel.
Aceita todas as  tuas desaventuras.
Seu vazio, sua glória não alcançada, a aceitação de uma fragilidade e imaginário de um outro , o que impede a real experiência  da vida.
Faz-me engolir a seco as palavras minhas que não foram ditas.
Sabe,  aquele silêncio....
Lembra, aquele silêncio?
Se fez sábio quando entendeu de que a minha palavra  era o melhor , o meu auge, algo que me poderia ser útil mais tarde.... 
É um saber a salvo,  desse gigante/dor  que chega agora...
Capinando tudo, arrancando as raízes e lançando-me ao alto  .
Deixando-me cair as pedras em tombos de grandes alturas.
Permaneço-me firme com minhas palavras guardadas aqui dentro de mim.
Sim, porque elas continuam guardadas...

Mas esse gigante...
Está imenso a minha frente.
Faz um barulho estrondoso.
Traz  consigo uma dor pontiaguda  tornando-me solitária.
Não sei por quanto tempo ele  irá permanecer.
Arremeçando-me  de um lado a outro como se pudesse me fazer dizer...
Tirar  a minha força....
E confesso...
Os meus membros, minha pele, o meu peito, as minhas idéias andam um tanto exaustas.
Meus ossos, o gigante quebra...
A minha carne, ele rasga.
E meu estômago anda dolorido pelos teus golpes.
Mas aquelas palavras não ditas, sabe?
Elas permanecem intactas.
É a força das mesmas , que me fazem prontificar agora para esse gigante que chega.
Abro meus braços ao mesmo e digo-o:  
_ Faça o que tem  que fazer!
É a força daquelas minhas palavras não ditas,  que  irão me recuperar dessa  afronta toda.


E é a força das mesmas  que me dá a certeza do que eu causo agora....
Sabe o que sentes nesse exato momento que lê essas linhas?
Mesmo que eu não veja ou ouça a ti..
É a força daquelas minhas palavras que eu não disse, que me dão a certeza do que sentes agora...
Veja só que ouro...
Essa sensação cravada aí...
Escancara minha legitimidade.
E consequentemente  legitima o nosso.
De que, o que  vem ao caso é a experiência real e alegre.
Coisas que gigante algum pode arrancar.


Minhas palavras não ditas cuidam do que não se pode arrancar.
Disso aí... que lhe causo agora.
E a mim também...
Aqueles segundos daquela ligação em que nada fora dito,  transformam aquela  dureza do momento  nisso aí que sentes.
Essas são experiências que uma leide ainda pode causar... sem abrir mão de nada...

Míriam Machado
17 de Junho de 2011





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