sábado, 8 de agosto de 2009

Um abraço amontoado de braços...

Uma família partida.
A minha.
Um tanto de lá...
Outro tanto de cá...
É assim já a tanto tempo...
Estão partindo....
Pessoas partidas...
A razão lá... O coração cá...
O tempo partido...
O passado cá... O presente lá...
Onde se dará o futuro dos mesmos?
Todos querendo o bem do outro...
Desejando que algo aconteça e melhore o que não está bom...
E diante de um desejo intenso de que o outro fique bem, consigo sonhar que em um abraço, fosse possível apagar da história, os acontecimentos que machucaram cada um...
Eu queria poder dar um abraço desses... Fechar os olhos... E simplesmente tirar de cada um, o que eles gostariam de não ter experimentado em suas histórias...
Todos querelantes por todos...
E quando eles vêm pra cá, a família um tanto que muda...
Muda lá.. Muda cá...
E quando se vão... Fica todo mundo segurando uma expressão...
Quem fica, permanece com uma expressão, de que parte de si está indo embora...
Quem vai, leva a expressão de que está deixando parte de si...
Todos estão partidos...
Todos estão partindo...
Sorrisos chorosos nas despedidas...
Tentando segurar tudo que gostariam de dizer mas que já nem haverá tempo...
Tentando segurar a lágrima que denuncia a saudade que já está gritando...
Há Parte que vem todo ano amenizar...
Há Parte que nunca veio para aliviar...
Há Parte que vai para abraçar...
E há Parte que nunca fora se alegrar...
Família partida...
Que se multiplica do lado de lá...
E consequentemente multiplica a saudade dos que estão de cá...
Hoje eu escutei algo.... Que dizia sobre um desejo intenso...:
"_Um momento... Todos juntos..."
E fiquei sonhando com um abraço grande... Apenas um abraço amontoado de braços... Os nossos...Sem hora para acabar... Sem palavras...
E na despedida... No sorriso sem graça da matriarca... E nos seus olhos vermelhos e molhados... Eu pude confirmar... Que é fato. Todo mundo tem mesmo que buscar seu caminho... Seja cá... Ou seja lá... Mas que sempre ficará um espaço vazio... Quando alguém vai... Por aquele que nunca voltou... Por aqueles que nunca foram... Por aqueles que vão, mas que voltam...
Essa é a nossa família...
Se eu pudesse concretizar o sonho... Além de um abraço inteiro de nove... Com a lembrança dos DOZE... Eu daria um abraço que nos tirasse a experiência que desencadeou a necessidade da divisão desses... E então... Nesse sonho de abraço, tudo seria realmente diferente....
Mas sabemos que ainda é possível acontecer...
Um abraço de nove...
Que não é inteiro no número, mas inteiro no amor que construiu tudo isso... E mesmo que parte esteja lá.. Ou esteja cá... Nunca deixou de ser e nunca foi partido...
O sentimento? Ah, sim! Esse sempre permaneceu...
Inteiro!


Míriam Machado
08-08-2009

Um comentário:

  1. Ei Mirinha,
    Voce conseguiu descrever ir direto ao ponto com muita clareza.
    Sei bem como é isso , afinal , eu sou o lado que fica longe na minha familia e vivo essas separações com muita frequencia.
    Não importa a distancia , os sentimentos que envolvem uma partida são os mesmos.
    Parabens pelo seu texto.
    bjinhos já com saudades.

    ResponderExcluir