terça-feira, 16 de junho de 2009

Trezentas diversas e sortidas.



Terça-feira... Semana começando...
Chamo meu amigo para fazer-me companhia para comer qualquer coisa no Bolão.. "Preciso relaxar" , digo a ele. Sáio de minha aula mais cedo, hoje eu realmente não estava a fim. Sabe aqueles dias que você vai se empurrando para um determinado lugar? Foi hoje! A aula na terça não é razoável.
Meu amigo, Schmitt ... - sorrisos - Parceiro! Meu companheiro para as horas boas? Sim! Sempre! Mas e para as horas ruins? Muito mais que sempre!
Lá vamos nós.. Cada um com seu desabafo. Eu como já havia adiantado... Angústia... "Aquelas coisas".. (adoro essa frase de duas palavras, que todo mundo pensa a respeito, acha que entende, até tem uma noção, mas não distingue a dimensão da gravidade...)
Mas está valendo! A intenção é o que conta! Estamos todos aí... Para o que der e vier... E como eu já bem digo para quem queira ouvir, Dedé Schmitt é desses... E eu, como até cheguei a dizer-lhe ainda essa noite.... Ele nem tem nome mais... O chamo por Amigo e ele já sabe que é com ele!
Antes do encontro, ainda ao telefone, ele diz: "Eu te acompanho! Não bebo e não como carne, você sabe...
(sorrisos meus) Esse é o meu amigo... Vegetariano, experimentando uma vida mais saudável... Nada de álcool também.. Mas quem disse que eu preciso de alguém que coma carne ou beba para me fazer bem?
Enfim... Peço minha Brahma... Em seguida, minha mussarela... Saindo do meu equilíbrio da dieta.. ( Ok! Eu sei que não preciso, mas quero manter, posso? E hoje vou abrir a exceção...) Ah, sim! Nesse queijinho ele me acompanha!
Contamos da vida.. Detalhes... Dizemos das mudanças necessárias... Decisões difíceis de tomar... Abrir mãos de histórias não é para qualquer um... É preciso ter coragem! Mas para pessoas grandes, coragem não falta! O que não quer dizer que não seja sofrido, duro... Mas estamos na vida para viver! Quase sempre precisa-se perder algo para se conquistar uma outra experiência...
Falamos de vida profissional o que acarreta um tudo... Tudo de moradia, tudo de vida social, tudo de vida amorosa, tudo de desejo, tudo de libido... Tudo! Ai, meu Deus! Precisa-se mesmo fechar todas as portas e começar de novo?
Estamos os dois em momentos cruciais.. Quem não está?
Se não hoje, converso dias diversos com amigos sortidos... Cada um com sua questão... Há aqueles que estão satisfeitos financeiramente com o retorno financeiro no trabalho que têm... Gastam horrores... Vivem de tudo! Futuro garantido... Poupança crescendo... Mas e a satisfação da criação? Han? O que? Quem perguntou o quê? Onde estou? Quem? Quando? Onde?
Hummm... Que coisa... "A vida como ela é", não é mesmo Nelson Rodrigues?
Mas aí, vamos pensar nestes que fazem o que gostam... Fazem quando? Fazem quanto?
Quando dá e ponto! Sim! Quando é possível... Porque a experiência de se viver o que se deseja no sentido mais intenso da palavra também não acontece a toda hora... Ok... Se vive uma hora aqui, outra ali, mas sem salário... Vixe! Cadê o retorno financeiro? Poxa... Vive-se o prazer da libido e ainda deseja-se salário? Não estás querendo demais? Isso é para rir ou para chorar?
Então... "A vida como ela é" de novo...
Falamos sobre isso...Escolhas.. Valer o desejo ou apelar para a segurança? "Aquelas coisas", mais uma vez a tal frase... Caraca! Quem foi que pensou nessa frase que diz tudo sem dizer nada e fecha realmente a questão? Todo mundo entende!
Lá vamos nós... Filosofamos...
Eu: "No princípio temos que investir na gente... Daí aspira-se o retorno financeiro considerável... Para investir na gente de novo..."
Amigo: "Com a aposentadoria... Já na velhice, se a gente chegar até lá, tomando remédio... A gente gasta tudo"...
Outra cerveja... E o Dé? Outra água... Ah, sim! Eu peço um chocolate "Talento"... Tá lento... Oh, vida! Acelera!!!
Já vivemos tanto... (Pensamos em voz alta...) Já fizemos isso.. Fizemos aquilo... Estudamos... Investimos naquilo outro... E o tempo... Quanto temos? E o dinheiro? Não temos... Putz.. Então fu....!
Mas hei que aparece uma terceira opção! Opção mesmo? (sorrisos) Calma! Me deixa contar!
Uma criança linda... Devia ter uns seis anos...Uma criança branquinha, bochechas rosadinhas, de cabelos lisos, sorridente, parecia estar brincando com um cacho de pulseiras na mão.. Dessas de linha sabe? Hippie, podemos assim dizer... Vem chegando a mesa, perguntando se queremos uma pulseirinha...
Eu não resisti aquela doçura... Pedi que se aproximasse... Pergunto seu nome.
_Lucas.
Pergunto onde está a mãe dele...
(Lucas): _ Ali com minhas duas irmãzinhas gêmeas.
(Eu): _Dois irmãozinhos...
Mal termino a frase, ele me corrige: _ Irmãzinhas!
(sorrisos meus)
Eu e Dé conferimos a informação... Carrinhos de bebê bem atrás de mim... A mãe de ótima aparência sentada no muro baixo de uma casa. Nem estava observando o Lucas... Bom... Eu penso que deveria estar... Mas isso já é papo para outra crônica...
Resolvo comprar a pulseirinha de R$3,00. Lucas, lindo, foi quem escolheu para mim.. Me perguntava:
_Você gosta de rosinha?
_Hummm... Rosinha, rosinha, não... (sorrisos meus _ para variar, porque estou sempre sorrindo)
Chegamos a um acordo, Lucas eliminou a rosinha , mas escolheu a segunda opção entre 300 pulseirinhas de forma bem pontual. Foi até sua mãe para soltar a mesma dentre todas as outras... Retornou até nossa mesa saltitando com o bolo de pulseiras na mão como se estivesse brincando... Certamente essa experiência de passar entre as mesmas com todas aquelas linhas e cores nas mãos fosse realmente uma brincadeira para ele.
Fiquei com a pulseirinha nas mãos e com a real noção do que é a vida profissional e a vida do desejo. Pulseira, pulso, batimentos, vida....
Uma escolha entre 300 combinações que um sujeito possa fazer.
Você pode passar uma vida, sua única vida, dedicando-se ao conforto e por isso mesmo, sem fazer o que realmente gostaria...
Você pode dedicar-se uma vida a fazer o que gosta, mas com sua vida financeira bem precária, sem poder fazer o tanto que gostaria...
Você pode dedicar-se em sua vida, sua única vida, abrindo mão de confortos, abrindo mão do que do que gosta, e fazer o que dá para ser feito.. Essa terceira é a alienação completa!
Talvez entre uma escolha e outra seja possível tentar um equilíbrio... Também conheço um montante que conseguiu... No que fazem a diferença?
A consciência do tanto que se torna necessário o equilíbrio entre as mesmas, também, talvez dure uma vida... E muito provavelmente não teremos ela inteira para escolher e uma outra inteira para viver de acordo com a escolha feita... O único tempo para a experiência é agora. O mínimo que se possa esperar é que se consiga estar, mesmo que angustiado, capengando entre o desejo, o conforto e o nada, construir uma experiência digna. Em outras palavras... Talvez se possa viver intensamente de forma bem simples mas gloriosa, ainda entre momentos vazios, ninguém tem a ilusão da ausência destes. Mas com um tanto de amor ao que se faz e um conforto sem excessos... E que diante de perguntas como Lucas me fez:
_ "Você gosta de rosinha?"
_ Rosinha, rosinha, não... Mas alguma cor menos sonhadora e mais real eu gosto e posso...



Míriam Machado.
16-06-2009

2 comentários:

  1. Menina do céu! E naquela terça-feira, tu ainda queria incluir mais uma agonia alheia!?! Pior que adoro compartilhar "essas coisas", mas tem dias que o peito quer descanso, né? Seu texto lembrou-me as conversas no Stadt, sobre essas encruzilhadas repletas de "d" em que muitos ficam: desejo, dinheiro, direito, dever. Difícil escolher, mas é válido tentar. É algo que venho aprendendo! Seu texto também me fez lembrar esses encontros tão triviais, mas que te marcam, a ponto de se escrever sobre. Homenageio-a, novamente, nesse trem onde se escreve!!
    Um bjo, moça!

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  2. Escolhas. Eu já fiz a minha! rsrsrsrsr

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