quarta-feira, 4 de agosto de 2010

Tudo que eu gostaria que fosse agora.
Abrir a porteira.

Um tanto de mato..
Um monte de terra..
Boiar no lago...
Folhas no chão.
Barulhos de pisadas nas folhas.

Um céu noturno pintado..
Enxergar com a lua.
Ou com a  lamparina.
Ou com a fogueira.
E ser hipnotizado por ela...
E escutar os estalos dela.
Ouvir a cigarra.
Assistir o vaga-lume.
Cantar com a viola...
E refletir nas  histórias.

Acordar com canto  do galo.
Queijo. Qualhar, estocar, secar, salgar.
Manteiga. Qualhar, Chacalhar.
Tomar café na caneta esmaltada.
Almoçar no prato esmaltado..
A nata do leite é mais doce...
Rapadura...
Doce de leite...
E bolos...
E tortas..
E paredes negras de fogão a lenha.

Caminhar na terra.
Abater os coquinhos das árvores..
E comê-los todos.
Calor demais.
Tocar o mosquito.
Usar chapeu de palha.
Coçar da mordida do carrapato.
Descansar na sombra.

Chuva.
Cheiro de terra molhada.
Pisar na lama.
Brincar na água.

Frio demais.
Vento demais.
Sopa quente...
Mingau de milho verde.
Caminhar na terra...
Ouvir o silêncio...
Ter medo de um bicho.
Ter medo de outro bicho..
E correr do terceiro bicho..

Fechar a porteira.
Fechar a porteira...
É algo que eu gostaria de não tê-lo feito.

Míriam Machado
04-08-2010

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